Perceba que parece existir 2 entidades operando em sua consciência a todo instante! É como se houvesse 2 fontes de referências ou 2 tipos de egos – um “eu inferior” e um “Eu Superior/Verdadeiro”, ambos a argumentar com você de diferentes e antagônicos pontos de vista.
O “eu inferior” é mortal, temporário, mutável, limitado e escasso. O “Eu Superior” é imortal, eterno, imutável, poderoso e completo em Si mesmo. Cabe a você escolher a quem ouvir, sempre. Está em suas mãos decidir a quem convidar para te influenciar e operar como o seu pensamento e saber conscientes.
Por uma simples questão de ilustração, vou chamar de “ego” o que antes chamei de “eu inferior” e de “Alma” o que chamei de “Eu Superior/Verdadeiro.”
O ego sempre se apoia em circunstâncias e fatores externos para se gabar e se exaltar. Na ausência das condições favoráveis para o ego sobreviver e prosperar, ele se irrita e até entra em pânico para que as coisas, as circunstâncias e as pessoas mudem! Segundo sua perspectiva, as coisas só entram no eixo quando tudo está encaixado em seus devidos lugares e contextos. Só assim o ego diz estar bem e em paz! O ego olha pra fora em busca de sinais suficientemente convincentes de que existem indícios fortes para ter-se esperança e fé para confiar.
Por outro lado, a Alma está eternamente em paz e segura de sua própria natureza e de suas capacidades para impor sua paz e permanência. Ela te faz olhar pra dentro em busca de evidências de que a harmonia, a paz e a substância verdadeira das coisas estão sempre presentes e sob controle. Ela sabe que tudo depende de seu próprio querer.
A Alma conhece a regra da demonstração infalível de resultados intencionados e confia serenamente em sua autoridade maior pra fazer prevalecer a ordem divina nas coisas e em conformidade com a supremacia que lhe é devida. A Alma te faz sentir sereno, próspero e confiante antes mesmo que as coisas, as circunstâncias e as pessoas mudem!
Diferentemente do ego, incapacitado pela densa cegueira de seu próprio materialismo grosseiro, a Alma, por meio da intuição espiritualizada, te possibilita discernir os “sinais dos tempos”, as energias positivas e favoráveis que estão em ação e operando para a consecução do seu propósito e missão no plano diário das suas experiências de vida.
Jesus disse: “Quando vedes aparecer uma nuvem no poente, logo dizeis que vem chuva, e assim acontece; e, quando vedes soprar o vento sul, dizeis que haverá calor, e assim acontece. Hipócritas, sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu e, entretanto, não sabeis discernir esta época?” (Lucas 12:54-56).
O ego põe a mão na testa pra se certificar de que a febre passou. A Alma nem considera a matéria do corpo como substância e por isso age indiferentemente ao calor e temperatura do corpo pra restabelecer a saúde e a harmonia.
O ego olha pra conta bancária pra saber se pode ou não avançar na realização de seus desejos. Se não puder, se esconde e sofre! Se puder, se exibe e se gaba!
A Alma não depende de recursos materiais pra te fazer avançar. Por estar eternamente consciente de sua própria plenitude inesgotável, se conscientiza de seu propósito maior e sabe que todos os recursos necessários já são inerentes ao seu próprio propósito e razão de existir. E assim, avança e viabiliza o desdobramento dos recursos em cada etapa sucessiva de progresso.
O ego se preocupa com que haverá de comer, vestir, beber ou ter. A Alma, por outro lado, diz: ”…não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? … pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o Seu reino e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6:31-33)
O ego busca por apegos pra conforto e justificação própria, e por isso está sempre aprisionado, submisso e dependente de tudo. A Alma, isenta de limitações, celebra a sua própria liberdade e autonomia.
O ego acredita que precisa de um outro ego-metade pra se sentir bem, completo e em paz. A Alma se regozija em sua própria inteireza!
O ego diz: “… ainda há quatro meses até a ceia! Eu (a Alma), porém, vos digo: erguei os vossos olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa.” (João 4:35)
O ego acredita que sua intenção ou desejo seja algo longínquo, distante e ainda por acontecer; a Alma sabe que todo desejo correto é parte de seu propósito maior e da razão de seu próprio existir e que, por isso mesmo, o desejo já é uma realidade presente e pronta pra ser vivenciada como tendo já ocorrido na consciência, e que, sendo isso um fato, deve ser vivenciado em sentimento palpável a partir da percepção de sua substancialidade, aqui e agora, sempre! Paulo escreve em 2 Coríntios: “…eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação”. (Capítulo. 6:2)
O ego se irrita quando seus desejos não são realizados como se esperava. A Alma se mantém firmemente alinhada ao seu propósito e serenamente espera pelo desdobramento dos acontecimentos, sabendo que, se suas intenções não se concretizarem como imaginava ser, é porque, de alguma maneira, será ainda melhor e mais proveitoso. A Alma não acredita em perdas e prejuízos, mas sabe que lições de vida se aprende com todo tipo de experiência e que, no final, tudo é ganho!
O ego se sente ofendido à toa e por questões bobas e medíocres, na maioria das vezes. O simples fato dos outros discordarem de suas opiniões já é motivo para se sentir triste e depressivo. O ego se faz de vítima em função de sua natureza estar baseada no limite e na escassez. A Alma se nutre e usufrui da própria abundância e de seu próprio valor inestimável. Ela se autoconhece e sabe que sua própria plenitude é a Sua única fonte inesgotável de sustento e de prazer autêntico e duradouro.
Em meio ao pleno deserto da dúvida quanto a quem ou a o que dar ouvidos, o ego diz: “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães.” A Alma responde: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.”
O ego se irrita e tenta mais uma: “Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra.” A Alma responde: “Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus.”
E aí, o ego, ainda mais irritado e enfurecido, eleva o nível da oferta e da promessa de ganhos ilusórios e frustrantes, para que a dúvida e a incerteza sobreponham-se e argumenta: “Tudo isso te darei se, prostrado, me adorares.” A Alma, sempre confiante de sua natureza verdadeira, ordena que o ego se afaste e afirma-se com supremacia, autoridade e poder, dizendo: “Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto.”
O ego, finalmente, se retira, e em seguida, pensamentos de vibrações semelhantes à da natureza da Alma, do seu “Eu Superior/Verdadeiro,” vêm à sua consciência para trazer conforto e paz, e para promover seu avanço e progresso em sua jornada de conquistas e realizações. (Vide Mateus 4:1-11)
E assim, o duelo entre o ego e a Alma continua. Qual dos dois você gostaria que atuasse em sua experiência de vida? Qual dos dois você vai convidar pra entrar e conviver com seus hábitos e atitudes? A resposta sempre foi, é, e será: naquele em que você focar a sua atenção e der ouvidos!!! Você escolhe! A decisão sempre será sua!